Por
quê Jessica Jones? A primeira dúvida
que possivelmente ocorra a um não entendido de quadrinhos quando ouviu a
notícia de que a Netflix faria uma
série da heroína/Investigadora, mais conhecida como a mãe do filho do Luke Cage, mas a pergunta que deveria
ser feita, é por quê não? (Desde já deixo claro que eu nunca lí Alias).
Jessica é uma personagem
fantástica, criada por Michael Brian
Bendis no ano de 2001, que luta contra o esteriótipo da super-heroína
padrão, aquelas bem resolvidas, imponentes, mortíferas sem querer ser, Jessica é uma bêbada, debochada, e
cheia de defeitos – deliciosamente cheia de defeitos.
A
série tem como tema principal, relacionamentos abusivos e estupro, temática bem
em presente na agenda de grupos que estudam comportamento humano, principalmente
fomentada (a discussão) por frentes feministas, mas tem muitos outros assuntos
como relação entre pais e filhos, como se reerguer de traumas...
O
Elenco é incrivelmente talentoso, Krysten
Ritter encarnou bem a personagem, e magistralmente transmitia sentimentos
explorados no texto. Aliás a atriz necessitava de um momento de protagonismo
bom de fato. E Mike Colter no papel
de Luke Cage é incrivelmente
parecido, e após a primeira cena dele como o Herói de aluguel eu não consigo
mais imaginar outro ator no lugar dele! Isso só aumenta a expectativa na série
solo dele!
David Tennant merece uma atenção
especial, seu Ezequiel Killgrave foi
um vilão dos mais odiosos que já vi, seu sotaque inglês enriquece muito o
personagem, Tennant ainda recuperou
muito dos trejeitos do seu Dr. Who,
na construção de sua interpretação.
A
aparição de outros personagens já conhecidos do universo Marvel também é uma bola dentro. Patsy Walker/Felina (Interpretada por Rachel Taylor), Jery Hogarth
(Personagem que mudou de genero interpretada pela eterna Trinity de Matrix, Carrie Anne Moss), Wil Simpson/Nuke (Wil Traval)
e Malcom (Eka Darville) dão um tempero especial a trama.
A
instigante trama não se furta a apenas apresentar a origem dos personagens,
aliás isso é mostrado de forma homeopática, não é o tipo de série para quem não
quer compromisso com ela, não pode ser assistida de forma episódica.
Logo
se você espera ver uma trama baseada em efeitos especiais e heroísmo digno do Guarani de José de Alencar, fuja dessa série, agora se você deseja uma bela
trama densa, violenta, sensual, inteligente e com um humor muito sutil, regada
a psicopatias e neuroses delicie-se nessa maravilhosa experiência.